Análise Econômica da Racionalidade do Acordo de Colaboração Premiada

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.22197/rbdpp.v5i1.195

Palabras clave:

Colaboração Premiada, Racionalidade, Viés Cognitivo, Heurística, Assimetria de Informações.

Resumen

Este artigo pretende questionar se o acordo de colaboração premiada, previsto no art. 4º da Lei nº 12.850/2013, é uma decisão economicamente racional sob o ponto de vista do acusado colaborador. Para essa finalidade, serão expostos os elementos constituintes do acordo de colaboração premiada, demonstrando que sua instauração no sistema penal brasileiro ocorreu em um contexto de urgência pela resposta penal e de ineficiência dos instrumentos tradicionais de investigação. Em seguida, será utilizada a metodologia da análise econômica do direito para examinar a racionalidade da decisão do acusado de colaborar com as investigações. O trabalho conclui que a decisão de colaborar com as investigações não constitui escolha racional de acordo com os pressupostos da economia neoclássica. Partindo dos substratos da economia comportamental, verifica-se que a decisão é influenciada por vieses cognitivos causados por assimetria de informações entre acusação e defesa e pela utilização da prisão cautelar como forma de alteração da perspectiva do acusado. Dessa forma, o sistema conduz à utilização irracional da colaboração, que precisa ser equilibrada com outros instrumentos jurídicos indutores de comportamento.

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Biografía del autor/a

  • Tiago Kalkmann, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre/RS
    Graduado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Mestre em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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Publicado

2019-03-26

Número

Sección

Teoría de la prueba penal

Cómo citar

Kalkmann, T. (2019). Análise Econômica da Racionalidade do Acordo de Colaboração Premiada. Revista Brasileña De Derecho Procesal Penal, 5(1), 469-504. https://doi.org/10.22197/rbdpp.v5i1.195